O alarme é t?o urgente que Anya Petrova aprenda a temer. N?o era o bipe suave de uma falha menor, mas o grito agudo e repetitivo que indicava um problema crítico. Ela largou a análise dos dados de cultivo hidrop?nico e correu pelo corredor metálico e estreito do habitat principal, o cora??o pulsante da col?nia Nova Aurora.
A gravidade reduzida de Marte fazia seus passos parecerem mais leves do que eram, mas a press?o em seu peito era pesada. A tela do seu comunicador de pulso piscava em vermelho, mostrando a origem do alerta: Setor Alfa, onde estavam os geradores de oxigênio primários.
“Relatório, Central”, disse Anya, a voz progressivamente ofegante enquanto se aproximava da porta selada do setor.
A voz calma e levemente robótica de Kai, a inteligência artificial que gerenciava os sistemas da col?nia, respondeu aos seus ouvidos. “Anomalia detectada no Módulo 3 de oxigênio, Anya. Níveis de produ??o mínimos abaixo do esperado. Causa desconhecida.”
Anya franziu a testa. Falhas nos geradores eram raras, e o Módulo 3 era um dos mais recentes, com redundancias e sistemas de seguran?a avan?ados. Ela digitou o código de acesso no painel ao lado da porta e na camara de descompress?o sibilou, liberando o ar antes de a porta interna se abrir.
O Setor Alfa era um espa?o amplo, iluminado por painéis de LED brancos que contrastavam com o emaranhado de tubula??es e equipamentos complexos. O ar tinha um leve cheiro metálico, quase sempre imperceptível, mas hoje parecia mais forte, quase pungente. Três técnicos já estavam no local, seus rostos preocupados iluminados pelas luzes de seus capacetes.
“O que temos?” Anya disse, aproximando-se do Módulo 3, um cilindro imponente com indicadores luminosos piscando erraticamente.
“N?o sabemos, engenheira Petrova”, respondeu Marcus, o técnico mais experiente do grupo, limpando o suor da testa com a manga do macac?o. "Os sensores n?o indicam nenhuma falha mecanica óbvia. As leituras s?o... estranhas."
Anya passou os dedos sobre o painel de controle do módulo, seus olhos percorrendo os dados que Kai projetou em sua lente de contato inteligente. As informa??es eram confusas, inconsistentes. Era como se o sistema estivesse tentando se auto-corrigir, mas falhando miseravelmente.
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“Verifiquem os registros de energia das últimas 24 horas,” ela experimentou. “Quero saber se houve alguma flutua??o incomum.”
Enquanto os técnicos se dispersavam para seguir suas instru??es, Anya se mudou do Módulo 3 e tocou a superfície fria do metal. Havia algo de errado, uma sensa??o sutil que estava além dos dados e dos relatórios. Era como se o próprio sistema estivesse... doente.
“Kai, execute um diagnóstico completo do Módulo 3, ignorando as leituras dos sensores primários”, disse Anya, com voz firme. “Quero uma análise profunda da integridade estrutural, do fluxo de gases e de qualquer anomalia energética.”
Houve uma breve pausa antes de Kai responder. "Processando, Anya. Isso pode levar alguns minutos."
Anya cruzou os bra?os, observando os técnicos trabalhandoem. Marcus murmurava algo sobre “interferência eletromagnética”, enquanto Lena, a mais jovem do grupo, parecia nervosa, seus olhos constantemente se movendo pelo setor.
De repente, um novo alerta soou, dessa vez no comunicador de Marcus. Ele arregalou os olhos e olhou para Anya com uma express?o de choque.
"Engenheira, temos outra falha. Setor Gama, sistema de reciclagem de água primária. Níveis de pureza caindo rapidamente."
O sangue de Anya gelou. Duas críticas em setores internos, quase simultaneamente? Aquilo n?o parecia um acaso.
“Kai,” ela disse, a voz agora específica de urgência. "Analisar a clareza entre as duas falhas. Há algum padr?o, alguma liga??o?"
A resposta de Kai veio quase que instantanea, sua entona??o neutra n?o conseguindo mascarar a gravidade da situa??o. "Análise preliminar indica uma sobrecarga momentanea de energia em ambos os setores, precedendo as falhas. A causa da sobrecarga é desconhecida."
Sobrecarga de energia. Aquilo n?o era uma falha comum. Anya olhou ao redor do Setor Alfa, uma sensa??o de algo errado se intensificando. Uma sombra de dúvida come?ou a se formar em sua mente. Seria possível que n?o fosse apenas um problema técnico? Seria possível que alguém estivesse por trás disso?
Em Marte, a 56 milh?es de quil?metros da Terra, um pequeno problema técnico poderia rapidamente se tornar uma catástrofe. E Anya Petrova tinha um pressentimento sombrio de que o que estava acontecendo em Nova Aurora era muito mais do que um problema simples. Era o prenúncio de algo muito mais perigoso, algo que poderia colocar em risco tudo o que eles tinham construído naquele planeta vermelho e solitário.